O presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Dr. Oscar Dutra, alerta sobre os riscos do diabetes tipo 2 para o coração em evento realizado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica
Estima-se que, hoje, 14 milhões de pessoas tenham diabetes tipo 2 no Brasil. Um número bastante alto, considerando os riscos que a doença representa para a saúde.
Apesar dos esforços que têm sido feitos no sentido de alertar a população sobre os riscos do diabetes, o número de pessoas com a doença continua a aumentar.
Por conta disso, o diabetes já é considerado uma epidemia por muitos especialistas. Uma epidemia silenciosa, já que
grande parte das pessoas não apresenta sintomas e não sabe que tem a doença.
Novas Fronteiras no Tratamento do Diabetes Tipo 2
Com o objetivo de promover a troca de experiências entre os profissionais que atuam no tratamento clínico e os médicos que atuam no tratamento cirúrgico de pacientes com diabetes tipo 2, a SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica) reuniu alguns dos principais especialistas da área no workshop Novas Fronteiras no Tratamento do Diabetes Tipo 2.
O evento contou com a participação de representantes de algumas das principais sociedades médicas do país:
- Sociedade
Brasileira de Diabetes; - Sociedade
Brasileira de Cardiologia; - Sociedade
Brasileira de Nefrologia; - Sociedade
Brasileira de Oftalmologia; - Sociedade
Brasileira de Endocrinologia; - Sociedade
Brasileira de Cirurgia Vascular; - Sociedade
Brasileira de Hepatologia; - Sociedade
Brasileira de Nutrologia; - Sociedade
Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva (Sobracil); - Colégio Brasileiro
de Cirurgiões (CBC); - Colégio Brasileiro
de Cirurgia Digestiva (CBCD).
Dentre os diversos temas abordados durante o workshop, alguns aspectos foram motivo de consenso entre os palestrantes:
- O aumento da obesidade e dos casos de diabete tipo 2;
- A dificuldade dos pacientes com diabetes em controlar adequadamente a doença;
- A constatação de que existe uma associação direta entre o diabetes, a hipertensão e outras doenças metabólicas;
- A necessidade de oferecer as novas ferramentas, incluindo a cirurgia metabólica, para os diabéticos mal controlados.
Crescimento do Diabetes tipo 2 no Brasil
Um dos temas abordados durante o workshop foi o aumento do número dos casos de diabetes tipo 2 no Brasil e na América Latina. Infelizmente, as projeções dos casos de diabetes no Brasil e na América Latina não são nada otimistas.
Para se ter uma ideia, hoje, nas Américas Central e Latina, são 26 milhões de diabéticos diagnosticados.
Segundo o Dr. Oscar Dutra, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, em um futuro não muito distante 25% da população brasileira terá obesidade, e muitos deles, também desenvolverão diabetes.
O cardiologista ressaltou ainda que os problemas cardíacos aumentam na mesma proporção da doença.
“O índice de casos de diabetes tipo 2 está aumentando e, como consequência disso, o número de morbidade e mortalidade por doenças cardiovasculares está subindo.”
O Dr. Oscar Dutra explicou também que o diabetes tipo 2 pode ser motivo de diversas doenças do coração:
“Isso porque a doença é um fator de risco desencadeador de eventos cardíacos, como acidente vascular cerebral (AVC), infarto do miocárdio e amputações decorrentes das alterações de glicose no sangue.”
De acordo com os dados apresentados pelo especialista, pessoas com diabetes tipo 2 têm um risco duas vezes maior de desenvolver problemas cardiovasculares.

Além de reduzir, em média, 6 anos a expectativa de vida dos pacientes com mais de 50 anos.



Obesidade Infantil
Outro tema abordado durante o encontro foi a obesidade infantil.
Os dados disponíveis sobre obesidade infantil foram adquiridos há 10 anos, o que dificulta a análise do cenário
atual.
Para se ter uma ideia, há 10 anos, 33,5% das crianças no Brasil tinham obesidade ou sobrepeso, dois dos principais
fatores desencadeadores do diabetes tipo 2.



“Assustadoramente, alguns dados que temos são da década passada, mas podemos afirmar que logo teremos uma epidemia de diabetes no país extremamente preocupante”, ressaltou o presidente da entidade.
Mapa Global do Diabetes Tipo 2
Como estão distribuídos os casos de diabetes no mundo?
De acordo com o Atlas do Diabetes, o Brasil é o quinto país com maior incidência de casos em adultos, ficando atrás da China, Estados Unidos, Alemanha e Índia.
Se somarmos os casos de diabetes desses cinco países com os casos de diabetes de Rússia, México, Egito, Indonésia e Paquistão, teremos 60% do total dos casos mundiais da doença.
Custos do Diabetes
Outro problema associado ao diabetes abordado pelo presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia diz respeito
aos custos associados à doença.
Como ressaltou Dutra:
“O custo com o tratamento do diabetes também cresce em níveis alarmantes.”
Apenas no ano de 2006 foram gastos 232 bilhões de dólares com o tratamento de diabéticos em todo o mundo.
Já em 2017, esse número subiu muito e foi quase quatro vezes maior, passando para 727 bilhões de dólares, segundo o Atlas do Diabetes.
De acordo com os dados apresentados pelo especialista, pessoas com diabetes tipo 2 têm um risco duas vezes maior de desenvolver problemas cardiovasculares.



Uma vez que os casos de diabetes tendem a aumentar, é importante mensurar o impacto que esse fato terá sobre os cofres públicos.
“Isso traz um ônus muito grande para o erário público, porque o atendimento básico dessa população se faz às custas do Sistema Único de Saúde (SUS)”.
Tratamentos para Diabetes: Novas Drogas e Cirurgia Metabólica
O presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia finalizou a sua apresentação com uma análise do desempenho positivo das cirurgias bariátrica e metabólica para o tratamento do diabetes tipo 2, destacando os resultados obtidos com a cirurgia bariátrica para pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) entre 35 kg/m2 e 39,9 kg/m2 e a cirurgia metabólica (realizada há 10 anos), para pacientes com IMC entre 30 kg/m2 e 35 kg/m2.